Ana Pezzi adotou Valente há cerca de um ano e meio atrás. “Costumo dizer que minha função na terra é socializar animais para então doá-los,” conta.
Ela conta que uma amiga a chamou para ajudá-la a cuidar de um cãozinho bastante debilitado, que estava preso de um quarto em uma casa recém-abandonada.
A família de Valente o deixou para trás, bem como com outros dois cães, que “não couberam na mudança”.
“Um ficou solto no pátio, outro amarrado à uma casinha, mas o Valente ficou preso dentro de um quarto com a casa toda chaveada,” relata Ana.
A casa em questão era bem isolada e distante da cidade, mas com os latidos constantes dos cachorros, algumas pessoas notaram que eles estavam sozinhos e em péssimas condições, sujos e desnutridos. Valente era o único que não latia, não chorava e não demonstrava reação, tendo sido o último a ter sido resgatado daquela casa, um mês depois dos seus companheiros (que estavam no quintal).
Um vizinho escutou os raspões de unha e chamou a amiga de Ana, para resgatá-lo.
Para entrar no quarto, tiveram que desmanchar uma das janelas. Quando viram o cachorrinho, ficaram chocados com a sua situação: ele gritava e se debatia nas paredes quando alguém se aproximava. “Parecia que ia infartar quando alguém olhava pra ele,” diz Ana.
Foi revoltante constatar que não havia qualquer vestígio de água no quarto, e que Valente estava tomando a própria urina para se hidratar. Em suas fezes, havia pedaços de esponja, bucha e até madeira…
No mesmo dia, ele foi deixado na casa de Ana, para se recuperar. “Não existe nada que eu possa comparar ao vê-lo pela primeira vez. Um animal humilhado, apavorado com o coração dilacerado e sem nenhuma confiança no homem.”
A nova dona de Valente prometeu a si mesma e ao cãozinho que ele jamais sofreria desta forma novamente.
Aos poucos, o pequeno recuperou sua saúde e se aproximou mais de sua mãe e da família. Psicologicamente, é provável que Valente nunca se recupere integralmente. “[Ele] nunca será um cão normal. Quando chega um estranho, ele some […], receoso, com medo do que está por vir.”
No entanto, Ana garante que hoje Valente é um cachorro feliz, e sua maior conquista na vida. “Na minha casa, ele é rei!”, diz.
Valente divide a casa com outros doze cãezinhos, seus irmãos de bagunça e de festa. Os dias de fome, abuso e tristeza definitivamente ficaram para trás. Os tempos são outros: fartura, bonança, alegria e amor em família.
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Fonte: Portal do Animal por Gabriel Pietro.
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